domingo, 12 de setembro de 2010

Carlos Drummond de Andrade

POR QUE?

Por que nascemos para amar, se vamos morres?

Por que morrer, se amamos?

Por que falta sentido

ao sentido de viver, amar, morrer?




QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história.






Dica de Língua Portuguesa

Eu não lhe vi ontem.

Foi bom. Quem diz "eu não lhe vi" é bom que não me veja mesmo...
Quem vê, vê alguma coisa. Por isso, esse verbo, que não pede preposição, deve ser usado com o pronome o (ou variações), e não com o pronome lhe, que se usa com verbo que pede preposição. Por isso:
Eu não o vi ontem.
Não quero prejudicá-lo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eros (Cupido): deus do amor

Eros - deus grego do Amor, o mais belo dos deuses, conhecido entre os romanos como Cupido. Nasceu do Caos com Gaia e Tártaro. Posteriormente foi considerdo filho de Ares (Marte) e Afrodite (Vênus)




A LENDA DE EROS E PSIQUÊ







Era uma vez um rei que tinha três filhas. Duas eram lindas, mas a mais nova era muito, muito mais bonita. Dizia-se até que Afrodite - a deusa da beleza - não era tão bonita quanto Psiquê (esse era seu nome). Os templos de Afrodite andavam vazios porque as pessoas, principalmente os homens, passaram a cultuar aquela princesa maravilhosa.

Afrodite ficou com ciúme e pediu para seu filho Eros, preparar uma vingança. Ela queria que Psiquê se apaixonasse por um monstro horrível. Só que Eros também acabou sendo atingido pelos encantos da menina. Ele ficou tão maravilhado ao ver Psiquê que não conseguiu cumprir a ordem da mãe.

O estranho é que todos aqueles homens que ficavam enfeitiçados com sua beleza não se aproximavam e nem tentavam namorá-la. As duas irmãs, que perto da caçula não tinham a menor graça, logo arranjaram pretendentes e cada uma se casou com um rei. A família ficou preocupada com a solidão de Psiquê. Então, um dia, seu pai resolveu perguntar ao oráculo de Apolo o que deveria fazer para a menina arranjar um marido. O que ele não sabia é que Eros já havia a Apolo para ajudálo a cumprir aos planos da mãe. A resposta que o rei levou para casa o deixou muito mais preocupado do que já estava: o deus falou que Psiquê deveria ser vestida de luto e abandonada no alto de uma montanha, onde um monstro iria buscá-la para fazer dela sua esposa.

Embora muito triste, a família cumpriu essa determinação e Psiquê foi deixada na montanha. Sozinha e desesperada, ela começou a chorar. Mas, de repente, surgiu uma brisa suave que a levou flutuando até um vale cheio de flores, onde havia um palácio maravilhoso, com pilares de ouro, paredes de prata e chão de pedras preciosas.

Ao passar pela porta ouviu vozes que diziam assim: "Entre, tome um banho e descanse. Daqui a pouco será servido o jantar. Essa casa é sua e nós seremos seus servos. Faremos tudo o que a senhora desejar." Ela ficou surpresa. Esperava algo terrível, um destino pior que a morte e agora era dona de um palácio encantado. Só uma coisa a incomodava: ela estava completamente sozinha. Aquelas vozes eram só vozes. Vinham do ar.

A solidão terminou à noite, na escuridão, quando o marido chegou. E a presença dele era tão deliciosa, que Psiquê, embora não o visse, tinha certeza de que não se tratava de nenhum monstro horroroso.

A partir de então sua vida ficou assim: luxo, solidão e vozes que faziam sus vontades durante o dia e, à noite amor. Acontece que a proibição de ver o rosto do marido a intrigava. E a inquietação aumentou mais ainda quando o misterioso companheiro avisou que ela não deveria encontrar sua família nunca mais. Caso contrário, coisas terríveis iriam começar a acontecer.

Ela não se conformou com isso e, na noite seguinte, implorou a permissão para ver pelo menos as irmãs. Contrariado, mas com pena da esposa, ele acabou concordando. Assim, durante o dia, quando ele estava longe, as irmãs foram trazidas da montanha pela brisa e comeram um banquete no palácio.

Só que o marido estava certo. A alegria que as duas sentiram pelo reencontro logo se transformou em inveja e elas voltaram para casa pensando em um jeito de acaar com a sorte da irmã.Nessa mesma noite, no palácio, aconteceu uma discussão. O marido pediu para Psiquê não receber mais a visita das irmãs e ela, que não tinha percebido seus olhares maldosos, se rebelou. Já estava proibida de ver o rosto dele e agora ele queria impedi-la de ver até mesmo as irmãs? Novamente, ele acabou cedendo e no dia seguinte as pérfidas foram convidadas para ir ao palácio de novo. Mas dessa vez elas apareceram com um plano já arquitetado.

Elas aconselharam Psiquê a assassinar o marido. À noite ela teria que esconder uma faca e uma lamparina de óleo ao lado da cama para matá-lo durante o sono.

Psiquê caiu na armadilha. Mas, quando acendeu a lamparina, viu que estava ao lado do próprio Eros, o deus do amor, figura masculina mais bonita que havia existido. Ela estremeceu, a faca escorregou da sua mão, a lamparina entornou e uma gota de óleo fervente caiu no ombro dele, que despertou, sentindo-se traído, virou as costas, e foi embora. Disse: "Não há amor onde não há confiança".

Psiquê ficou desesperada e resolveu empregar todas as suas forças para recuperar o amor de Eros, que, a essa altura, estava na casa da mãe se recuperando do ferimento no ombro. Ela passava o tempo todo pedindo aos deuses para acalmar a fúria de Afrodite, sem obter resultado. Resolveu então se oferecer à sogra como serva, dizendo que faria qualquer coisa por Eros.

Ao ouvir isso, Afrodite gargalhou e respondeu que, para recuperar o amor dele, ela teria que passar por uma prova. Em seguida, pegou uma grande quantidade de trigo, milho, papoula e muitos outros grãos e misturou . Até o fim do dia, Psiquê teria que separar tudo aquilo.

Era impossível. Ela já estava convencida de seu fracassoquando centenas de formigas resolveram ajudá-la e fizerm todo o trabalho.

Surpresa e nervosa por ver aquela tarefa cumprida, a deusa fez um pedido ainda mais difícil: queria que Psiquê trouxesse um pouco de lã de ouro de umas ovelhas ferozes. Percebendo que ia ser trucidada, ela já estava pensando em se afogar no rio quando foi aconselhada por um caniço (uma planta parecida com um bambu) a esperar o sol se pôr e as ovelhas partirem para recolher a lã que ficasse presa nos arbustos. Deu certo, mas no dia seguinte uma nova missão a esperava.

Agora Psique teria que recolher em um jarro de cristal um pouco da água negra que saía de uma nascente que ficava no alto de uns penhascos. Com o jarro na mão, ela foi caminhando em direção aos rochedos, mas logo se deu conta de que escalar aquilo seria o seu fim. Mais uma vez, conseguiu uma ajuda inesperada: uma águia apareceu, tirou o jarro de suas mãos e logo voltou com ele bem cheio de água negra.

Acontece que a pior tarefa ainda estava por vir. Afrodite dessa vez pediu a Psiquê que fosse até o hades (inferno) e trouxesse para ela uma caixinha com a beleza imortal. Desta vez, uma torre lhe deu orientações de como deveria agir, e, assim, ela conseguiu trazer a encomenda.

Tudo já estava próximo do fim quando veio a tentação de pegar um pouco da beleza imortal para tornar-se mais encantadora para Eros. Ela abriu a caixa e dali saiu um sono profundo, que em poucos segundos a fez tombar adormecida.
A história acabaria assim se o amor não fosse correspondido. Por sorte Eros também estava apaixonado e desesperado. Ele tinha ido pedir a Zeus, o deus dos deuses, que fizesse sua mãe parar com aquilo para que eles pudessem ficar juntos.
Zeus então reuniu a assembléia dos deuses (que incluía Afrodite) e anunciou que Eros e Psiquê iriam se casar no Olimpo e ela se tornaria uma deusa. Afrodite aceitou porque, percebendo que a nora iria viver no céu, ocupada com o marido e os filhos, os homens voltariam a cultuá-la.
Eros e Psiquê tiveram uma filha chamada Volúpia e, é claro, viveram felizes para sempre.

domingo, 29 de agosto de 2010

Afrodite: a deusa do amor e da beleza




Nascida do sêmem de Urano misturado ao mar, Afrodite (ou Vênus, em Roma) é a mais bela e sedutora das deusas e dela emana todo amor que existe pelas mulheres. Seu poder de atração é tamanho que todos os deuses brigam o tempo todo por causa dela, ao passo que ela ignora tudo solenemente.

Afrodite é quem govern as múltiplas formas de amor e paixão, sempre envolvida por um magnetismo intenso, pela alegria, pela sedução e pelo glamour. Ela casa e tem filhos, mas também é amante de vários homens e deuses e nunca se deixa humilhar ou dominar. Vaidosa, não tolera que outra mulher tenha capacidade de seduzir ou beleza comparável à sua, punindo as mortais que se atrevem a cruzar o seu caminho. Afrodite é temida por suas explosões de ódio quando os seu caprichos são negados. Em várias ocasiões, ela usa o amor como arma fatal dando vazão a suas vinganças.

As celebrações em sua homenagem eram chamadas de afrodisíacas e aconteciam em toda a Grécia, tendo no sexo livre um meio de contato e de culto à deusa. Afrodite representa a afirmação de desejo de prazer pelo prazer, que se manifesta principalmente através da atração sexual. Segundo suas leis e seus caprichos, as paixões e os amores se realizam ou são frustrados.




quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Dica de redação

1. Apresentação
A boa apresentação de um texto é uma forma de garantir uma leitura tranquila do que pensamos e transcrevemos para o papel.
Consideramos questões de apresentação:
a) Limpeza - ausência de borrões e sujeiras, evitando o uso de corretivo.
b) Letra legível - não se trata de ter uma letra belíssima: a questão é conseguir ser legível a fim de garatir a leitura do que se escreveu.
c) Respeito às margens do papel - não escreva após o termino da linha ou às margens. Tudo precisa estar visível, legível e bem organizado.
d) Espaço que marca o início do parágrafo - no passado, algum dia, um professor de Português já lhe pediu dois dedos de afastamento da margem para o início de cada parágrafo. Digamos que não seja preciso haver tanto rigor, mas o afastamento é obrigatório, mostrando melhor disposição das suas idéias.
e) Letras maiúsculas e minúsculas em locais adequados - o emprego da letra maiúscula não é uma escolha particular, não pode ocorrer no meio da linha sem nenhum critério. Basicamente ele se restringe ao início das frases e aos nomes próprios.
2. Linguagem
Atente sempre para que a linguagem por você utilizada seja adequada ao tipo de texto que está escrevendo.
a) Linguagem coloquial - é aceitável, por exemplo, quando contamos uma história e queremos caracterizar algum personagem por sua simplicidade. Nesse caso, até a gíria pode ser pertinente. É um erro, porém, em textos em que se pretende discutir idéias.
b) Norma culta - é aquela que deve prevalecer em textos escritos. Lembre-se de que a norma culta implica respeitar as regras gramaticais.
c) Vocabulário - uma palavra errada pode determinar a incompreensão de toda uma frase, de toda uma idéia que você pretende transmitir.
Logicamente há outras questões a serem consideradas quando escrevemos ou corrigimos nossa redação. Esses são os primeiros passos para guiar nosso trabalho. Tenha isso em mente.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

MARTHA MEDEIROS








Vocabulário 'vintage'


Eu havia combinado de buscar minha filha na casa de uma amiga por volta das 18h. Pouco antes desse horário, ela me ligou toda excitada, dizendo que haviam resolvido assistir a um DVD e que alguém havia providenciado marshmallow com morangos e todas as outras gurias iriam ficar até mais tarde, então, mãe, mamãezinha, deixa eu ficar mais um pouco!!!


Respondi:


- Tudo bem, me liga quando esse frege terminar.


Silêncio abissal do outro lado da linha. Minha filha recuperou seu tom de voz normal em respondeu um seco:


- Tá, eu ligo.


Parecia que tinha recebido a notícia da morte de um parente.


Assim que desliguei, não contive o riso. Frege! Minha filha deve ter ficado em estado de choque, que língua mamãe está falando?


Na mesma hora, lembrei de uma passagem do ótimo "Eles foram para Petrópolis", livro que publica uma troca de correspondência virtual entre os jornalistas Ivan Lessa e Mário Sergio Conti. São textos eletrizantes, inventivos, inteligentes, que nos fazem matar a saudade de Paulo Francis, de quem os dois sempre foam amigos, aliás. Em certa passagem do livro, eles salientam ser "imprescindível tirar uma palavrinha lá da cozinha, dar uma limpada, um bom brilho, e depois tacar na cristaleira da sala de jantar para as visitas admirarem". E concluem: "Uma gíria e um bordão podem e devem pedir o boné e se mandar. Uma palavra, não."


Concordo e dou fé (também tirando da cozinha uma expressão empoeirada). Sempre gostei de ver resgatadas algumas palavras antigas que, em vez de denunciarem a decrepitude de quem as escreve, acabam por dar ao texto um ar vintage, que, comose sabe, é ultramoderno. Em vez de dizer que fulana ficou estressada, não é muito mais divertido dizer que ela teve um faniquito? Temos medo de bandidos, mas simpatizamos com os pilantras. E quem é aquela dando em cima do seu marido? Uma boa de uma bisca. Vá lá salvá-lo antes que a sirigaita o leve no bico. Antigamente as expressões eram mais leves, e leveza hoje é uma qualidade revolucionária.


Esgotado o tempo regulamentar, busquei minha filha na casa da amiga e vi que seu cotovelo estava esfolado.


- O que aconteceu? - perguntei, quando ela entrou no carro.


- Nada de mais, mãe, levei um boléu.


Não era caso para achar graça, mas achei.


Martha Medeiros


Revista O Globo. 22/08/2010







sábado, 14 de agosto de 2010

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram

Quantos filhoe em vão resaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,

Mas nelle é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Paraty




A região da atual Paraty era habitada por indígenas Guaianás anteriormente ao descobrimento do Brasil pelos Europeus.


Nos primeiros anos do século XVI os portugueses já conheciam a trilha aberta pelos guaianases ligando as praias de Paraty ao vale do Paraíba, para dá da serra do Mar.


Embora alguns autores pretendam que a fundação de Paraty remonte à primeira metade desse século, quando da passagem da expedição de martim Afonso de Sousa, a primeira notícia que se tem do povoado é a da passagem da expedição de Martim Correia de Sá, em 1597. À época, a região encontrava-se compreendida na Capitania de São Vicente.


O núcleo de povoamento iniciou-se no morro situado à margem do rio Perequê-Açu (depois morro de Vila Velha, atual morro do Forte). A primeira construção de que se tem notícia é de uma capela, sob a invocação de São Roque, então padroeiro da povoação, na encosta do morro. O aldeamento dos guaianases localisava-se à beira-mar.


Em 1636, Maria Jácome de Melo fez a doação de uma sesmaria correspondente à área situada entre a margem do rio Patitiba (atual centro histórico), para a instalação do crescente povoado, com a condição de que os indígenas não fossem molestados e de que fosse erigida uma nova capela, sob a invocação de Nossa Senhora dos Remédios.


A partir de 1654 várias rebeliões ocorreram entre os moradores, visando tornar a povoação independente da vizinha Angra dos Reis, o que ocorreu em 1660, com a revolta liderada por Domingos Gonçalves de Abreu, vindo o povoado a ser alçado à categoria d vila. este ato de rebeldia foi reconhecido por Afonso VI de Portugal , que, por Carta Régia de 28 de fevereiro de 1667 ratificou o ato dando-lhe o nome de "Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty".
Com a dscoberta do ouro na região das Minas Gerais, a dinâmica de Paraty ganhou um novo impulso. Em 1702, o governador da Capitania do Rio de Janeiro determinou que as mercadorias somente poderiam ingressar na Colônia pela cidade do rio de Janeiro e daí tomar o rumo de Paraty, de onde seguiriam para as Minas Gerais pela antiga trilha indígena, agora pavimentada com pedras irregulares, que passou a ser conhecida por Caminho do Ouro.
A proibição do transporte d ouro pela estrada de Paraty, a partir de 1710, fez os seus habitantes se rebelarem. A medida foi revogada, mas depois restabelecida. Este fato, mas principalmente a abertura do chamado Caminho Novo, ligando diretamente o Rio de Janeiro às Minas, tiveram como consequência a diminuição do movimento na Vila.
A partir do século XVII registra-se o incremento
no cultivo da cana-de-açúcar e a produção de aguardente. No século XVIII o número de engenho ascendia a 250, registrando-se, em 1820, 150 destilarias em atividade. A produção era tão elevada que a expressão "Parati" passou a ser sinônimo de cachaça, produção artesanal que perdura até os nossos dias.
Para burlar a proibição ao tráfico de escravos pelo regente Padre Diogo Feijó, o desembarque de africanos passa a ser feito em Paraty. As rotas, por onde antes circulava o ouro, passaram então a ser usadas para o tráfico e para o escoamento da produção cafeeira do vale do Paraíba, que ainda se iniciava.
À época do Segundo Reinado, um Decreto Lei de 1844, do imperador Pedro II do Brsil, elevou a antiga vila a cidade.
Com a chegada da ferrovia a Barra do Piraí (1864) a produção passou a ser escoada por ela, condenando Paraty a um longo período de decadência.
A cidade e seu patrimônio foram redescobertos em 1954, com a reabertura da estrada que a ligava ao estado de São Paulo - a Pa
raty-Cunha - , vindo a construir-se em um polo de atração turística. Desse modo, em 1958, o conjunto histórico de Paraty foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O movimento turístico intensificou-se com a abertura da Rio-Santos (BR 101) em 1973.
Hoje a cidade é o segundo polo turístico da cidade do rio de Janeiro e o 17º do país. Devido a essa relevância, foi uma das poucas cidades que não é capital de estado a receber a Tocha dos Jogos Pan-Americanos de 2007 nos dias que antecederam aos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.



quinta-feira, 24 de junho de 2010

Gonçalves Dias

CANÇÃO DO EXÍLIO



Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorgeiam,
Não gorgeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha trra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu 'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.



sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago (1922-2010)

Frases de José Saramago

"Se eu pudesse repetir a minha infância, a repetiria exatamente como foi, com a pobreza, com o frio, pouca comida, com as moscas e os porcos, tudo aquilo."

"As pessoas transformaram-se em máquinas de ganhar dinheiro. Ou de tentar ganhar dinheiro."

"Não consigo temer a morte."

Não sou pessimista. O mundo é que é péssimo."

"Sim, tenho o Prêmio Nobel. E quê? Não que eu achava pouco ter o Prêmio Nobel, não, não. É que no fundo, no fundo, tudo é pouco, tudo é insignificante."

"Há quem me nega o direito de falar de Deus, porque não creio. Eu digo que tenho todo o direito do mundo. Quero falar de Deus porque é um problema que afeta toda a humanidade."

Fragmentos de obras

"O filho de José e Maria nasceu como todos os filhos dos homens, sujo do sangue de sua mãe, viscoso das suas mucosidades e sofrendo em silêncio. Chorou porque o fizeram chorar, e chorará por esse mesmo e único motivo..."
O Evangelho Segundo Jesus Cristo

"Fernando Pessoa abriu a porta do quarto, saiu para o corredor. Dois minutos depois, tempo de descer as altas escadas, a porta de baixo bateu, o besouro zumbira rapidamente. ricardo Reis foi à janela. Pela Rua do alecrim Afastava-se Fernando Pessoa. Os carris luziam, ainda paralelos."
O Ano da Morte de Ricardo Reis


Dica de Língua Portuguesa

POR QUE / PORQUE / PORQUÊ / POR QUÊ

Lembre-se inicialmente, de que em final de frase a palavra que, deve ser sempre acentuada.
Você vive de quê?
Escreve-se por que (separado):
  • quando equivale a pelo qual e flexões. Trata-se, aqui, da preposição por seguida do pronome relativo que.

Esse é o caminho por que passa todos os dias.

  • quando depois dessa expressão vem escrita ou subentendida a palavra razão. Trata-se, aqui, da preposição por seguida do pronome interrogativo que. Se ocorre no final da frase, o que deve ser acentuado.

Por que razão você não compareceu?

Por que ele faltou à reunião?

Você não compareceu por quê?

Não sabemos por que você não compareceu.

Escreve-se porque (junto e sem acento) quando se trata de uma conjunção explicativa ou causal. Geralmente equivale a pois.

Tirou boa nota porque estudou bastante.

Não compareceu porque estava doente.

Escrve-se porquê (junto e com acento) quando se trata de um substantivo. Nesse caso, vem precedido de artigo ou de outra palavra determinante.

Nem o governo sabe o porquê da inflação.

Não compreendemos o porquê da briga.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um grande poeta cotidiano



Um amor puro

O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo tem pra me conceder
São tuas até morrer
E a tua estória, eu não sei
Mas me diga só o que for bom
Um amor tão puro que 'inda nem sabe
A força que tem
É teu e de mais ninguém
Te adoro em tudo, tudo, tudo
Quero mais que tudo, tudo, tudo
Te amar sem limites
Viver uma grande estória
Aqui ou noutro lugar
Que pode ser feio ou bonito
Se nós estivermos juntos
Haverá um céu azul
Um amor puro
Não sabe a força que tem
Meu amor eu juro
Ser teu e de mais ninguém
Um amor puro...

Clarice Lispector



A posteridade nos julgará

Quando for descoberto o remédio preventivo contra a gripe, as gerações futuras nunca mais poderão nos entender. Gripe é uma das tristezas orgânicas mais irrecuperáveis, enquanto dura. Ter gripe é ficar sabendo de muitas coisas que, se não fossem sabidas, nunca precisariam ter sido sabidas. É a experiência da catástrofe inútil, de uma catástrofe sem tragédia. É um lamento covarde que só outro gripado compreende. Como poderão os futuros homens entender que ter gripe nos era uma condição humana? Somos seres gripados, futuramente sujeitos a um julgamento severo ou irônico.
Do livro A descoberta do mundo

terça-feira, 1 de junho de 2010

Dica de Língua portuguesa

Não ocorre crase dinte de verbos:

"Voam-me desejos por toda a parte, e caem, voam outros, tornam a cair."
Graciliano Ramos

"Começava a escurecer."
Murilo Rubião

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Manoel de Barros



I


Para apalpar as intimidades do mundo é preciso

saber:

a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca

b) O modo como as violetas preparam o dia para

morrer

c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas

têm devoção por túmulos

d) Se o homem que toca de tarde sua existência num

fagote, tem salvação

e) Que um rio que flui entre dois jacintos carrega

mais ternura que um rio que flui entre dois

lagartos

f) Como pegar na voz de um peixe

g) Qual o lado da noite que umedece primeiro

etc

etc

etc

Desaparecer oito horas por dia ensina os princípios

Affonso Romano de Sant'Anna




Fascínio

Casado, continuo a achar as mulheres irresistíveis.
Não deveria, dizem. Aliás
já nem me esforço.
Abertamente me ponho a admirá-las.
Não estou traindo ninguém, advirto.
Como pode o amor trair o amor?
Amar o amor num outro amor
é um ritual que, amante, me permito.



Reflexivo

O que não escrevi, calou-me.
O que não fiz, partiu-me.
O que não senti, doeu-se.
O que não vivi, morreu-se.


quarta-feira, 26 de maio de 2010

Adélia Prado

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

uma espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir

Não sou tão feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrvo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Capoeira

A história da capoeira começa no séculoXVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Oa angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas.
Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e a repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.
Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de sus danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante de resistência cultural e física dos escravos brasileiros.
A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os esravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.
Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientação para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.
A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira de Angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximo ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angolana com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não sõ utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo é o mais praticado na atualidade.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Será facultativo o uso do cento agudo nas formas verbais paroxítonas do pretérito perfeito do indicativo da 1ª pessoa do plural quando coincidirem com a forma verbal correspondente no presente do indicativo.
  • Pretérito perfeito
  • amamos
  • cantamos
  • dançamos

  • Presente
  • amamos
  • cantamos
  • dançamos

  • Pretérito perfeito após o acordo
  • amanos ou amámos
  • cantamos ou cantámos
  • dançamos ou dançámos

Mani, a menina que brotou da terra

A filha do cacique Cauré, de nome Saíra, era a mais bela das índias Ipurinã. Os pássaros vinham acordá-la ao amanhecer e as flores curvavam-se quando ela passava; os espinhos nem a tocavam. Um dia, porém, ela engravidou sem ter se casado com nenhum guerreiro, como seu pai esperava. O desgosto de Cauré foi imenso!
Chamou a filha e quis saber quem era o pai da criança. Saíra não dizia nada. O pai, então, resolveu que ela deveria ser expulsa da tribo para viver confinada numa oca no meio da mata. Dali, ela só poderia sair depois de se livrar da criança.
Passados os meses de gestação, nasceu uma menina de pele muito branca, que causou surpresa e deslumbramento a Saíra e Cauré. O avô, vendo a criança, que foi chamada de Mani, esqueceu a vontade de matá-la e passou a amá-la.
Passaram-se quatro épocas das chuvas e Mani ficava cada vez mais formosa. Mas, de repente, numa manhã de sol, a menina morreu, causando o desespero de seus familiares. Era costume da tribo Ipurinã cremar seus mortos. Cauré, no entanto, quebrou a tradição e enterrou Mani na entrada de sua oca.
Passaram-se quatro luas e, da terra onde Mani foi sepultada nasceu uma planta que o índio se pôs a cultivar.
Depois de um certo tempo, essa plnta perdeu todas as suas folhas e Cauré acreditou que ela havia morrido. Triste, resolveu, então, arrancá-la o chão. Ao puxá-la, desenterrou suas raízes, bem brancas como Mani. Essa raiz recebeu o nome de Manioca, que quer dizer: casa ou transformação de Mani. Assim o povo Ipurinã conheceu e aprendeu a usar a mandioca.

domingo, 23 de maio de 2010

Você sabia?


O bolo de aniversário parece ter surgido na Grécia, em homenagem a Artemis, adeusa da caça, reverenciada no dia 6 de cada mês. Dizia-se que s velas representavam o luar.
Na Idade Média, esse costume chegou à Alemanha. Os camponeses faziam festas infantis que começavam ao raiar do dia. Os pais levavam um bolo na cama para que seus filhos apagassem as velinhas ao acordar. Mas o número de velinhas não era igual ao número de anos do aniversariante. O bolo recebia sempre uma vela a mais - sinal da luz da vida.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mário Quintana



Lágrima



Denso, mas transparente
Como uma lágrima...
Quem me der
Um poema assim!
Mas...
Este rascar de pena! Esse
Ringir das articulações... Não ouves?!
Ai do poema
Que assim escreve a mão infiel
Enquanto - em silêncio - a pobre alma
Pacientemente espera.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Acentuação Gráfica

Para os brasileiros boa parte das alterações trazidas pelo Novo Acordo recai sobre as regras de acentuação. Essas mudanças eliminarão os acentos gráficos de alguns grupos de palavras. De maneira geral, as modificações concentram-se nas palavras paroxítonas, nas homógrafas (de mesma grafia) e nas que contêm hiato.
Em algumas (poucas) palavras oxítonas terminadas em e tônico (geralmente de origem francesa), essa vogal, pode ser pronunciada ora como aberta, ora como fechada, admite tanto o acento agudo quanto o acento circunflexo.
  • bebê - bebé
  • bidê - bidé
  • canapê - canapé

domingo, 9 de maio de 2010

Dica de língua portuguesa

Quando meus alunos perguntam: "Posso ir no banheiro?", respondo: "Não. Você pode ir ao banheiro."
O verbo ir exige as preposições a ou para. Constrói-se com a preposição a quando tem o sentido de não demorar. Já no sentido de estabelecer residência, demorar, emprega-se com a preposição para.
Posso ir ao banheiro?
Iremos para a Alemanha.

AVISO DA LUA QUE MENSTRUA


Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com essa gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita...
Sua boca maldita não sabe que cada palavra éingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado, moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque eu sou muito sua amiga
é que eu tô te falando "na vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos...
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela
Cuidado moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na contradição de ser displicente
diante da própria serpente.
Ela é uma cobra de avental.
Não despreze a metitação doméstica.
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofia
cozinhando costurando
e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: "Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de saber morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que é que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é a sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!
Elisa Lucinda

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dicas de língua portuguesa

Posso comunicar a polícia sobre o roubo?
Não. Quem comunica,comunica alguma coisa a alguém. Isso faz com que construamos:
Comuniquei o roubo à polícia.
Comunicamos o fato às autoridades.
Greve não implica em demissões?
Não. Greve costuma implicar dmissões (sem o em), já que o verbo implicar, no sentido de acarretar, é transitivo direto:
Uma ação implicará uma reação igual e contrária.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

13 de maio: um reencontro entre Brasil e África

A África não é somente um território primitivo, habitado por tribos famintas e animais selvagens, como o ocidente gosta de imaginar.
As grandes cidades africanas, com seus milhões de habitantes, misturam tradição e tecnologia de maneira inédita. Sendo parte da mídia internacional, o continente negro não poderia se furtar à modernização.
A modernidade não destrói s antigas tradições, mas as combina com novas informações, pois ninguém tem mais tempo para lamentar a perda de um mundo tradicional.
As tradições africanas atravessaram o Atlântico pela primeira vez a bordo dos navios negreiros, numa época em que Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Prícipe e o Brasil eram colônias portuguesas. Assim como o índio brasileiro, o negro africano começa a perder sua identidade cultural à medida que vai arbitrariamente assimilando os costumes do europeu. E é da união destes três povos que se origina a cultura brasileira.
Embora escravizado e oprimido, o negro africano contribuiu demasiadamente para a formação cultural do nosso país. Temos influência africana no vocabulário, na alimentação, no vestuário e em outros inumeráveis setores. Nas artes sobresaem a dança, a música e, atualmente a arte dos "griôs", ou a arte da oralidade. É natural do africano a arte de contar histórias, e chama-se "Griot" aquele que reúne pessoas a volta da fogueira para contar histórias de seus ancestrais ou lendas e mitos de seu povo. Geralmente esta função é atribuída ao velho, indivíduo mais respeitado da "sanzala", por concentrar grande quantidade de experiências.
Em 1836, a Inglaterra fez Portugal assinar a abolição da escravatura em Angola, mas, clandestinamente, o tráfico continuou até 1888, quando, a 13 de maio, a Princesa Isabel, que substituía provisoriamente o Imperador, assinou a Lei Áurea, que acabava com a escravidão no Brasil.
Após a guerra colonial, "as Áfricas" ficaram fragmentadas. Os países africanos de língua portuguesa encontram-se em uma difícil situação político-sócio-econômica, mas mantêm o nacionalismo e buscam incansavelmente a sua identidade. Hoje, encontramos na África grandes profissionais de áreas afins. Na literatura, destacam-se, entre outros, Pepetela, Mia Couto, Germano Almeida, Vera Duarte, Dina Salustio. Suas obras retratam o encontro com o povo, com sua tradições, seus costumes e o fortalecimento cultural com o advento da modernidade. Enquanto isso, o Brasil, país multirracial, desfila sopros de ariano. E qual é a posição do negro na sociedade? Continua estereotipado e discriminado num país onde não há pureza racial. Embora estejamos divididos em grupos, não podemos nos esquecer de que somos todos frutos da miscigenação de três povos. Portanto, não somos brancos, negros ou amarelos. Somos verdadeiramente mestiços.
Em 13 de maio de 1997, a abolição da escravatura no Brasil completa 109 anos. Tendo em vista as condições sociais e humanas, nos cabe refletir sobre o processo de aculturação que o Brasil vem sofrendo. Deixamos de lado nossas tradições, nossos mitos, nossas lendas e assimilamos a cultura do "outro".
O negro passa por um processo gradativo de embranquecimento, e a grande massa, de americanismo. A Lei Áurea foi assinada, mas continuamos todos escravos e colonizados. Não precisamos de uma nova atitude abolicionista. Necessitamos do que Machado de Assis chamou de "sentimento íntimo" para nos tornarmos um pouco mais brasileiros.
Haroldo Hipolito da Costa Junior
Publicado no jornal Rio de Luz em maio de 1997

terça-feira, 4 de maio de 2010

Florbela Espanca







(1895-1930) Sonetista com laivos parnasianos esteticistas, é uma das mais notáveis personalidades líricas isoladas, pela intensidade de um emotivo erotismo feminino, sem precedentes entre nós, com totalidades ora egotistas ora de uma sublimada abnegação reminiscente de Sóror Mariana, ora de uma expansão panteísta que se vai casar com a ardência da charneca natal. A sua obra principiou a ser editada em 1919 (Livro das Mágoas); em 1978 tinhas saído 23 edições de Sonetos Completos, além de contos algo decadentes; precede, portanto, de longe e estimula um mais recente movimento de emancipação literária da mulher, exprimindo nos seus acentos mais patéticos a imensa frustração feminina (e afinal também masculina), das nossas opressivas tradições patriarcais.
História da Literatura Portuguesa
A.J. Saraiva & Oscar Lopes

Fanatismo

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podm voar mundos, morrer astros,
Que tu és como um Deus: Princípio e Fim!..."


Fumo

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninho.

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...







segunda-feira, 3 de maio de 2010

Relacionamentos

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.
Detesto quando escuto aquela conversa:
- Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos... que pena... acabou...
- é... não deu certo...
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é você poder ter
vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem
por cento do outro?
E não temos essa coisa completa.
Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
Tudo junto, não vamos encontrar.
Perceba qual o aspecto mais importante pra você e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor...
e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.
Não brigue, nãoligue, não dê piti. Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto.
Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?
O legal é alguém que está com você só por você. E vice-versa. Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós.
Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói. Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.
E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear.
E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar...
Enfim... quem disse que ser adulto é fácil???
Arnaldo Jabour

domingo, 2 de maio de 2010

Dica de língua porguguesa

Bigode se raspa?
Bigode se rapa, assim como barba, axilas, pêlos em geral. O que se raspa é taco, parede, porta, janela e, agora, até o cartão com créditos para telefone celular pré-pago.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Todo ponto de vista é a vista de um ponto


Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. e interpreta a partir de onde os pés pisam.
Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são os seus olhos e qual a sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura.
A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha.
Vale dizer: como alguém vive com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.
Sendo assim fica evidente que cada leitor é co-autor. Porque cada um lê relê com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita.
Extraído do Livro "A águia e a galinha"
Leonardo Boff

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dica de língua portuguesa

Devo comprar carro à álcool?
Não, compre carro a álcool: antes de palavra masculina, não use à. Por isso, compre a prazo, ande a pé e a cavalo.
O Dia Internacional da Dança é celebrado no dia de 29 de Abril, neste dia também é comemorado do dia do nascimento de Jean Georges Noverre (* 1727 | + 1810), o precursor e criador do ballet moderno. A comemoração foi introduzida em 1982 pelo Comitê Internacional da Dança da UNESCO com o objectivo de despertar a atenção do publico em geral para a importancia da dança, e incentivar governos a fornecerem um espaço proprio para dança em todo o sistema de educação desde o ensino infantil até o ensino superior.

Através da dança a criança e o adolescente aprende a se expressar com o corpo, fazendo com que se sinta mais a vontade em expressar suas emoções e sentimentos no seu dia-a-dia; ou seja a dança favorece a criança no aspecto de fazer com que ela adquira uma habilidade maior para se expressar quer seja pela dança, quer seja através de outros meios.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

bO Sentido da Vida (Martha Medeiros)/b - Blog Autoconhecimento

bO Sentido da Vida (Martha Medeiros)/b - Blog Autoconhecimento
Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Nãopoderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
(Clarice Lispector)

Agora, leia de baixo para cima...